terça-feira, 12 de junho de 2007

Diasim Dianão


SEXTA-FERlA 1 uuuuu..u uuuuuJu.
Desta vez, estes Açores onde
regressei há diastêm a moldura
da ilha Terceira.Eda jóia da
coroa do arquipélago que é
Angra do Heroísmo, uma das
mais impressivas cidades do
País. Oseu desenho de cunho
senhorial remonta ao século
XVI, é "património histórico
mundial",mas maisinteressante
é relembrar que ganhou o
n.ome graças ao heroísmo do
seu povo ~as lutas liberais. E
nem de propósito, eis-me de
visita ao Forte de S.João Baptista'-
a maior soma de muralhas
da Europa - debruando o Monte
Brasil, que se eleva, magnífico,
face à cidade. A convite do
seu comandante e na companhia
do professor Miguel Monjardino,
terceirense de berço - e
cronista e comentador televisivo
-, conheço esta imensa fortaleza,
construídaem1583 pelas
tropas de Filipe II de Espanha, I
de Portugal. Palco de muitas
lutas, cercos ebravuras, desven- I
damos-lhe os segredos durante
uma aprazível manhã: a Porta
de Armas, o Palácio do Governador,
os torreões, as poternas,
as prisões, a cisterna, a singularíssima
e tão alta Igreja do Castelo,
erguida já após a expulsão
dos espanhóis; o local onde
viveu Gungunhana, os aposentos
que acolheram o exílio de D.
Afonso VI, e até... a messe dos
oficiais, onde convivialmente se
almoça depois. Diante do arroz
à valenciana, fiquei a saber que
este aquartelamento de tropas
operacionais "é o mais antigo de
Portugal, com uma permanência
ininterrupta durante 500
anos"! Saí de lá a pensar que é
certamente por isso - por estar
em tão boas mãos como costumam
ser as disciplinadas e exigentes
mãos militares - que o
forte se encontra neste estado
de apuro e cuidado. E, já agora,
que nunca me arrependerei de
ter, como tenho, o motor da
curiosidade ininterruptamente
ligado...
SÁBADO2- u...uuu.uuu.uu..I...uu..u
E por falar em MiguelMonjardino,
descobri aqui em Angra a sua
"República das Letras", algo que
julgo único no País e por isso
segue notícia.Éum projectode
"educação liberal" (liberal educatian,
em Inglaterra) assente em
simples mas substanciais objectivos:
ler algumas obras para
compreender a origem da civilização
europeia; estudar e discutir
as principais questões políticas
emorais que acompanham a
natureza humana ao longo da
História; ajudar a educar os alunos
para a importância da liberdade;
dar aos alunos os meios
intelectuais que lhes permitam
uma vida boa. Neste programa
de tutorias que conta algumas
dezenas de alunos, com os quais
mantive, aliás,vivo diálogo,"não
há aulas nem explicações", há .
melhor: lêem-se livros, que
depois "se discutem": "Interessa-
me saber o que pensam os
tutorandos sobre questões que
envolvem dilemas políticos e
morais, interessa-me que aprendam
a analisar uma questão
sobre vários ângulos e sobretu-
.do que tenham uma opinião e
que ela seja clara na sua argumentação
verbal'e escrita", explica-
meo MigueL Ee u acrescento:
além de notícia, eis o que merece
sobretudo aplauso.
Jornalista Maria João Avillez

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