No Século VIII, os Árabes invadem e ocupam a Península Ibérica e terá sido nessa altura que introduziram esta gulodice, confeccionada com açúcar ou melaço de cana, designada por “al-fenid” ou “al-fanid” significando a palavra árabe branco ou alvo e derivando em “alfenim” na língua portuguesa e que era um doce muito popular no sul de Portugal.A guloseima “al-fenid” ou “alfenim” vai influenciar a confecção de doçaria na região do Algarve e, também, em Portugal.Em 1404, no tempo de D. João I, inicia-se o cultivo da cana do açúcar no Algarve devido à grande procura do açúcar.Em 1425, o Infante D. Henrique manda introduzir a cana do açúcar na ilha da Madeira. Assim, aumenta a produção de açúcar a nível nacional e permite a variedade e a qualidade da doçaria em Portugal.Em 1465, algumas famílias do Algarve vem povoar a parte oeste da ilha Terceira, ou ilha de Jesus Cristo e, possivelmente, poderão ter introduzido esta arte de confeccionar o açúcar e transformá-lo em “alfenim”. Por exemplo, essa influência mourisca está patente na Ribeira do Mouro na freguesia das Cinco Ribeiras.No século XVI, o Alfenim aparece citado em obras de Gil Vicente e de Jorge Ferreira de Vasconcelos por ser uma gulodice popular em Portugal.Com o descobrimento e colonização do Brasil é introduzida a cana do açúcar onde também, se passa a fabricar o “Alfenim” ou “Alfeninho”.Em 1516 foi enviado ao Papa Leão X a escultura do Sacro Colégio, com todos os cardeais em tamanho natural feitos em alfenim que foi oferta do Terceiro Capitão Donatário do Funchal, D. Simão Gonçalves da Câmara. O culto do Espírito Santo tem um grande incremento a partir do século XII-XIII aquando do “Milagre das Rosas” da Rainha Santa Isabel e a Coroação dos Pobres na Vila de Alenquer iniciando-se a Devoção ao Divino do Espírito Santo - Terceira Pessoa da Santíssima Trindade simbolizado pela Pomba Branca.Mais tarde, o “alfenim” ou “al-fenid” devido á sua brancura, que é subentendida como pureza e purificação, foi assimilado e introduzido no culto religioso cristão. Desde então, o doce “alfenim” foi transformado em peças de arte gastronómicas tais como a Pomba Branca representando o Espírito Santo, e todos os outros símbolos utilizados no ritual de celebração da Festa do Espírito Santo ou dos Santos Padroeiros como a coroa, a rosquilha de pão, os animais e outros motivos decorativos que eram doados à Irmandade do Espírito Santo ou outras e, mais tarde, leiloados revertendo a venda para a organização da festa. No caso de graça obtida, a pessoa encomenda à doceira que confeccione uma peça com a simbologia ou outras formas, em “alfenim”, indicando o peso da peça que pretende, a parte do corpo que beneficiou de uma graça do Divino Espírito Santo: um braço, uma perna, um pé, etc..O “alfenim” surge assim, associado às Festas do Espírito Santo e dos Santos Padroeiros, ofertado em retribuição das graças obtidas
J. H. Pires Borges
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